segunda-feira, 23 de maio de 2011

Doda




Bem devagarinho, como quem nada quizesse, ela foi passando
Propositadamente e um tanto descarada, esbarrando a se esfregar nas pernas dele.
Que, como de hábito, fez que nem estava.
Os outros todos chegaram e o maldito saiu com eles.
Ela ficou só.
Nem se deu por achada. Menos perdida.
Duas voltas, uns sussurros e foi atrás.
A algazarra permanecia, ele se tinha ido.
Onde andaria?
Ela voltou a estender-se no sofá.
Deixou o sol afagá-la.
A brisa a embalar o voal.
O perfume a passear pelas peças e ir cair no vão das tábuas do chão.
O tempo ia calmo por aquelas horas.
Interessou-se nos detalhes da mesinha.
Olhou demoradamente a correspondência amassada.
Claro que nem tentou ler.
Não valia o esforço.
Acabou por se entregar ao devaneio como é de sua natureza.
Adormeceu para acordar em seguida quando suas mãos passaram-lhe bruscamente sobre o corpo.
Ei-lo novamente seu.
Esticou-se toda.
Deu-se.

Imagem:By Agnieszka D. - Pela 751

4 comentários:

Bípede Falante disse...

E, oh, que delícia!!! :)
beijos

Terráqueo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Terráqueo disse...

Marie, que bom que você está de volta. Bjs.

Silvestre Gavinha disse...

Querida Bípede, delícia é o seu comentário.

Terráqueo, delícia ter sempre a recepção tão generosa de vocês.

Andei fugida de mim é verdade. Perdi-me no vício fácil e em palavras alheias de todos os tipos, das cheias demais às mais vazias.
Mas a vida é inexorável e continuo aqui onde sempre estive, por que não há saídas, e todos os caminhos me levam sempre junto.

Beijos aos dois irmãos mais queridos que tenho nesta blogosfera.
Marie