quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Confessionário

Já não há palavras.
O que dizer para você?

Comungas comigo tuas dores e alegrias e bebo ávida tuas histórias.
Mas tenho as mãos e a alma sujas de sangue das manhãs  dormidas e noites acordadas.


O teu olhar triste, me comove e enche de inveja.
Onde está o meu sentir para além de mim?
Onde está minha verdade?
Onde está o meu amor?
A minha humanidade?

Não me negues tua sentença.
Prisão perpétua a estudar manuscritos mortos.
Por favor, me dê condenação!


Imagem:http://picasaweb.google.com/lidia3007/Lato?feat=featured#5512381609467

RONDA II

Onde andará a alma da alma que me habita?

...

Perdida de si e do mundo vagueia as charnecas do seu ser.
Olha pelas janelas alheias deliciada.
Vê cores e perfumes. Vê vidas possíveis, distantes.
Tão esquecida.
Tão mergulhada na massaroca da sua.
Tão desgostosa de sua tormenta.
Tão sem fé nenhuma em si.
Tão míope.
Nem a metafísica dos chocolates serve de resgate.
O gosto doce-amargo do sangue da saga alheia embriaga mas escorre.
Nutrição fica no meio caminho do digestório.

A sêde secou na fonte.
O sono não apaziguou.

E continua comendo camarões estragados, cereais integrais e castanhas.
E enrolando-se na seda ainda não colhida.
A prisão do casulo nunca mais visitada.
Abandonada.
Eterna lagarta, contorcida e fedorenta.


Imagem da net a partir de uma imagem do blog Não Leia.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

News



Chegou meio bêbada de sono, de vinho e da vida
Recebeu de sua fonte de amor um endereço
Amou as imagens
Inveja, orgulho e amor
A força do sono imperou nos sentidos nocanteando a tentativa
Acordou decidida a compartilhar
Mesmo tarde
Antes nunca
.

Foto: News by André Ambrósio