sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Secos e Molhados - Primavera nos Dentes

A Grande Vencedora - Shikhei Goh /National Geographic


Essa foi a foto grande vencedora do concurso da National Geographic.
Não tenho nenhuma dúvida do merecimento.
Que imagem!!!! Traz com ela imediatamente à minha memória uma das músicas que mais gosto. Secos & Molhados.

Primavera nos Dentes

Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa contra a mola que resiste

Quem não vascila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
Que envolto em tempestade decepado
Entre os dentes segura a primavera!!!!!

Espero que ninguém se importe por eu ter emprestado imagem e música para postar aqui minhas esperanças para 2012.

Meus votos de um Feliz Natal com essa garra contínua nascendo na mangedoura de nossas almas e corações, nesses tempos incertos e tempestuosos.

Como o amor do graveto a se oferecer ao apego das finíssimas patas da libélula.
Um Ano Novo cheio da velha vontade de continuar e da sempre nova capacidade de se admirar e propagar o belo e o sublime.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Para a menina que tinha o poeta no meio do caminho

Hoje o poeta já não há. Partiu. Restaram sua estatua tomando o inexorável sol de Copacabana, e seus lindos poemas. Pedras eternas e preciosas no caminho dos que teem retinas e labirintos treinados na dor e no amor.

Hoje a menina encontrou a pedra fundamental encrustrada em seu coração.
Uma pedra de leite manifestando um verbo de medo, uma sentença a ser estudada, dissecada.

A indizível dor do ser.
A impossível e insustentável alegoria da vida. A mãe ameaçada.
A impotência cobrando pedagio. A vida cobrando seu dízimo.

Hoje, nós sua irmãs, e eu, confessa deficiente na arte do amor, da manifestação do aconchego, do colo, aprendiz da vida, da arte, do amor do ser, estamos engasgadas. Sem meios ou maneiras de dizer, de ajudar, de concorrer e ganhar dessa dor de absurdo.

Queria ser mais. Queria ter mais. Queria crer e poder mais.
Minha raiva e dor não são, no entanto suficientes para desviar a flexa já lançada. Desviar a dor causada.
Meu saber não me capacita, antes me aleija na arte do consolo.
Apesar disso, me disponho, com meu jeito tacanho e pequeno.
Usa- me como apoio, como amparo, como alvo, como quiseres.
Para o que precisares.
Para rir ou chorar, ou xingar ou blasfemar. Qualquer coisa.
Que não somos imortais e nenhum saber temos da ordem das coisas.
Mas somos irmãs, nessa e em outras dores. Porque queremos ser.