domingo, 22 de junho de 2008

Mais de mês sem nada postar.
A pergunta vem forte, quando os que me visitam me cobram.
Será que a vida exclui a arte?
Muita pretensão de minha parte.
Li uma vez, numa entrevista da maravilhosa Fanny Ardant, que precisa-se sofrer para escrever, mas não se pode escrever enquanto se sofre. Se a frase é realmente dela não sei.
Sei que quando estou muito agitada, com muitas coisas acontecendo, a maior parte do tempo na minha vida, não consigo muito sentar para escrever.
Escrevo milhares de páginas na minha cabeça, que esvaem-se com e como os sonhos.
Anseio pelo tempo de entrar em contato com a folha branca mas não consigo o momento de desfrutá-la.
Há períodos que leio, tudo e por tudo.
Sei que requer disciplina.
Mas as vezes me sinto demasiadamente cheia de vida, eletricidade. É-me totalmente difícil concatenar idéias em letras e palavras.
Algo urge em sair de outras formas.
O diálogo com a folha fica como que enterditado.
Seria esse o tal bloqueio do escritor???
Novamente a pretensão se apresenta.
Rilke dizia nas Cartas a um jovem poeta alguma coisa do tipo, só escreva se você realmente não conseguir se imaginar vivendo sem isso. Se isso for uma necessidade tão premente como a própria vida, ou maior que ela.
Isto deve querer dizer que não seria considerada uma escritora, e menos ainda, uma poeta, para Rilke.
Ou será que isso pode aparecer de maneira diferente para cada ser que abre mão desta forma de comunicação consigo mesmo????
Penso nos grandes que amo. Pessoa, Espanca, Drummond, Bandeira, Adélia... Todos tão diferentes. Mas com aquele enorme talento em comum.
Penso em Clarice, Guimarães, Machado.
Penso em Carpinejar, Martha Medeiros.
Penso em meus amigos: Juliana, Giuse, Alessandro e agora os novos conhecidos virtualmente.
É tanta coisa escrita, tão linda de se ler. Tão presentes que são nos momentos da vida em que mitigamos pequenas atenções, pequenos respiros, pequenos sopros em nossas almas fatigadas.
Há dias em que a gente se sente como quem não chegou ainda nem aonde.