sábado, 31 de janeiro de 2009

Selos e selos

Com toda essa festa das premiações com selos, tenho passeado bastante e conhecido outros blogs.
Numa dessas idas incertas, encontrei o Lector in Fabula e conheci um outro selo, do qual gostei tanto que resolvi pedir para mim.
Este selo é mais que uma brincadeira. É um desafio muito legal.
Pedi e ganhei o selo.
Entrei no desafio, que para mim é bem difícil.
Já me explico por quê: adoro ler e ando sempre com um livro para cima e para baixo. Um no mínimo. Esse é o problema. Começo uns 5 ou 6 ou mais livros de uma vez. E cada vez que algo ou alguém, me sujerem um novo, vou atrás e compro e inicio. Além disso, tenho uma vida prá lá de agitada e adoro uma porção de coisas: correr, sair, papear, ler blogs, conversar neles, a partir dos comentários de que gosto entrar e conhecer outros blogs, trabalhar, fazer bebês nascerem, conversar interminavelmente...
Então, por conta disso, esse desafio torna-se realmente isso. Uma coisa que tenho que me dar forças para cumprir.
Vamos ver se consigo.
Janeiro terminou e eu consegui terminar o primeiro livro.(Enquanto os ouros cinco começados vão indo, sendo lidos).
Esse que terminei é até covardia.
É um livrinho pequenininho (mesmo, tem 10/7cm) e é, no dizer de um outro leitor, um mimo.
O autor é Mayrant Gallo, bahiano de Salvador, poeta e contista.
O mimo tem 18 contos quase policiais, quase fantásticos. Todos curtinhos e maravilhosos.
Você começa a lê-los despretensiosamente e fica completamente presa no pequeno volume de 120 páginas. Deliciosa prisão. Pequenas histórias que sugerem mais que contam, grandes histórias. O leitor entra num mundo fantástico de muitas dimensões. A real é a mais incrível delas.
O livro foi um presente que ganhei do autor, que conheci aqui, pois ele tem um blog com o desafiante nome de: Não Leia!
Graças a Deus sempre fui teimosa como uma mula e a melhor maneira de me fazer fazer alguma coisa sempre foi, dizer-me para não fazê-la. E descobri assim, um blog literário excelente e um escritor, poeta e contista brasileiro, com alma nórdica, e espírito brilhante de cuja existência jamais suspeitaria.
Dele também o próximo livro que já comecei, publicado pela Cosac & Naify: O Inédito de Kafka, também de contos, e outro de poesias que li ano passado: Recordações de Andar Exausto.

Para dar aguá na boca e alimentar a curiosidade aí vão os nomes dos contos, e um trexo do conto que dá nome ao livro:
Esqueleto/A derrota/A última cena /O espelho/O intruso/Solidariamente/Um natal/O gato de dois rabos/Um braço na noite/Cabelos/A felicidade/Dizer adeus/Não fui eu/O amor não escolhe/Manhã simples/Vida nova numa enorme casa/Chuva/Mãos dadas.

...

-O que é pior para você? - perguntou ao amigo - Esquecer uma mulher que amou ou não ter em seus braços uma outra que ama, que deseja? Ou ambas a
s situações são idênticas, de uma melancolia insuportável?

...



quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Sem Permissão Concedida.

Sem tempo para postar e fazer tudo o mais que quero.
Achei esse post num post de outro post.
Pedi e não esperei permissão.
Agradeço a Ana do Certezas Biodegradáveis que me levou lá.
Agradeço ao Ulysses do Esquerda Festiva, mesmo sem ele ter tido tempo de dar o pode.



domingo, 25 de janeiro de 2009

Premiação



Há quase 1 ano comecei esse blog.
Incentivada por uma amiga maravilhosa eu criei coragem e comecei a tornar públicas, coisas que tinha escrito há muito tempo e coisas que fui e vou escrevendo quando posso, quando tenho que, quando me dá vontade.
Já contei isso aqui mais de uma vez e não vou entrar em detalhes repetitivos.
Desde que iniciei as postagens me senti entrando num mundo diferente e delicioso.
Recebo visitas e visito pessoas e lugares maravilhosos.
Virtuais sim, mas tão reais e próximos como os que visito diariamente em minha vida fora do computador. Ou mais.
Aqui, são pessoas de procedências e vidas e idades e credos, as mais variadas possíveis.
De qualquer maneira comungamos coisas. Uma delas, essa paixão: palavras, idéias, pensamentos.
Não sou boa nas questões concernentes ao funcionamento destas maquininhas maravilhosas.
Muitas coisas não sei fazer e sou lerda demais em realizar qualquer procedimento. Levo horas tentando anexar uma foto, incluir um gadget ou outras coisas.
Sou absolutamente prolixa e porque não dizer, datada? Como digo no meu perfil, sou absolutamente adepta e fã do "aqui e agora", mas trago comigo as marcas de já bastante tempo nesse planetinha azul.
Aprendi a ler em livros, a escrever a lápis para depois usar caneta tinteiro. Esferográfica só no ginásio. Aos 13, fui aprender datilografia e um de meus maiores presentes foi uma Olivetti branquinha, portátil.
Chega.
Pouparia todos colocando minha data de nascimento.
Mas tudo isso é só para dizer que fiquei agradavelmente surpresa quando cheguei em casa ontem, já bem tarde, e na minha olhada de boa-noite ao meu lap, encontrei um e-mail dizendo:

Olá.
Você recebeu algumas premiações.
Passa lá no 100fdmstos e dá uma olhada.

Foi o que fiz.



O 100 Fundamentos é o blog do Ricardo Tadeu que faz parte dos Meus Passeios Preferidos, a lista de blogs que acompanho, e ele estava me passando um meme-selo que havia sido enviado a ele por outro blog amigo, e que faz parte de uma brincadeira; e mais três selos enviados por outra amiga de outro blog.

Então aí vai:




Estes são o meme e o selo e para repassá-los deve-se seguir as seguintes regras:
-Colocar o link de quem te indicou para o meme-selo;
-Escrever essas 5 regras antes de seu meme para deixar a brincadeira mais clara;
-Contar 6 fatos aleatórios sobre você (essa é a proposta da brincadeira);
-Indicar seis blogueiros para continuar a brincadeira;
-Avisar esses blogueiros que eles foram indicados.

Então:
- O link de quem me indicou: http://ricardothadeu.blogspot.com ;

- As regras ali em cima;

- 6 coisas sobre mim:
1. Sou louca por livros,
2. Sou louca pelo que faço (tudo),
3. Faço nascer em média 5 bebês por mês,
4. Gosto de escrever,
5. Gosto de brincadeiras inteligentes, jogos, amigos, música, livros...
6. Não consigo jamais ser concisa. Abundo em retiscências.

Os outros selos são:





























E dos muitos blogs que visito e passeio, os seis que indico, por razões também variadas, são:


E eu teria 6 vezes mais 6 para indicar. Mas estaria extrapolando a "brincadeira".
Por hora aqui fico, passeando nos blogs maravilhosos que me levam a outros e preenchem mais minha vida.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Ao Adiamento


Então hoje para.
Fica tranquila, ou triste, ou simplesmente fica.
Contigo e em ti.
Amanhã pensas no amanhã e depois.
Hoje pensa-te. Hoje aproveita para olhar-te e ver quem és.
Ou despedir-te de vez, ou por uns tempos, de quem não és. De quem terias sido. De quem querias ser.
Hoje apresenta-te a ti. Dá-te tempo de te conhecer e te gostar.
Hoje encontra contigo. Bebe uns copos. Brinda o encontro.
Hoje é teu dia.
Amanhã, tu pensas depois.
Sempre depois.
Hoje, deixa para viver.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

ÊXTASE



É quando me sinto embriagada,
levemente,
e a superfície começa a anuviar-se e adensar seus limites
com a névoa dos símbolos,
todos os barulhos, as vozes, as músicas,
misturando-se e confundindo-se,
que, abrigada pela dissolução,
submerjo-me no âmago do meu ser.
E sorvo grandes goles.

Foto:Andrzej G.http://8292.openphoto.net

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O poeta no meio do caminho



A menina não conhecia poesia.
Sabia é claro recitar e cantar, samba le-lê e batatinha.
Sabia a canção das ondas chegando na praia.
Sabia o canto dos passarinhos na algazarra urbana.
Não tinha muitas idades.
Sabia porem, que o poeta morava em seu caminho.
Sentadinha no ônibus para a escola, sempre à janela,
levantava-se ao passar diante do prédio.
Sabia que era ali.
Ali morava o poeta.
Ela levantava em reverência, sem nada dizer.
Não sabia o que ele tinha escrito, sobre a pedra no caminho
sobre a máquina do mundo, sobre a morte do leiteiro.
Mal aprendera a ler.
Sabia por saber.
No seu coração a poesia teve letras depois.
Um dia no seu caminho, passando na frente do prédio do poeta
viu-o saindo no portão.
Passo certo, como que tímido. O homem por detrás dos óculos e do bigode.
Ela gritou para os amigos, como se visse um carrossel:
Olha lá, é o poeta, é o poeta.
Seus olhos brilhavam contentes.
Seu coração não perguntou nada.
Ela sabia que ali morava a poesia.
Continuou nos outros dias a levantar ao passar.
As pernas no ônibus não eram vistas.

Hoje ela toma vinho
E fica comovida como o diabo quando lembra
do dia em que tinha um poeta no meio do seu caminho.

Foto de Dauro Veras - carrossel no parque da cidade - Brasília

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Nós e os livros...

Recebi a brincadeira da Ana Paula, mando adiante para: Ju, Claudinha, Bípede, e a Fabi... por enquanto. Ah, ainda que atrasado para o Mayrant.

1. Livro que marcou sua infância: Meu Deus, vai faltar espaço no blog. Começou com A Galinha Ruiva, aos 4 anos, depois veio "O pequeno mágico Popilo", daí "Reinações de Narizinho", "Os Contos de Andersen", "A Ilha do Tesouro", Tom Sawyer e Huckleberry Finn", "Moby Dick", "Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho", e "Mulherzinhas".
2. Livro que marcou sua adolescência: "Sidharta", "O Profeta", "O Egipcio", "Shakespeare", "Orgulho e Preconceito", "O morro dos ventos uivantes", "A Lagoa Azul", "Julio Verne", "Demian", "Cem Anos de Solidão"
3. Autor que mais admira: Guimarães Rosa e Shekespeare.
4. Autor contemporâneo: José Saramago, Paul Auster, Garcia Marques.
5. Leu e não gostou: Sex & City.
6. Lê e relê: "Grande Sertão Veredas" do Guimarães, "O Jogo das Contas de Vidro" do H. Hesse, "Laços de Família" da Clarice.(Pedaços na maioria das vezes.)
7. Mania: sublinhar a lápis os trechos de que gosto mais. De escrever coisas que me veem à cabeça nas folhas livres dos livros. Cheirar livros. Comprar os livros pela Capa e pela orelha.
Querer ter todo livro que eu vejo.
Acrescento mais um tópico:
8. Livros que quer ler: "As mil e uma noites" essa última edição traduzida direto do árabe. D. Quixote, também a última edição que saiu em Espanhol.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Bopy I

Bopy era o autêntico Vira-lata.
Desde que Ela lembrava existir, lá estava ele.
Branco com manchas café-com-leite. Porte médio. Esguio. Parecendo até fracote. Um olhar doce e sagaz.
Por tudo andava atrás do Dono. O gigante de bondade que ele adorava.
Mas era muito independente.
À dona da casa, obedecia apenas quando queria ou achava que devia. Tinha hombridade. Fidelidade de gênero.
Nas tardes modorrentas deixava-se ficar em qualquer canto. Nos dias de frio buscava os lugares embaixo das janelas, com uma nesga de sol.
Deixava-se tocar a vassoradas e saía na balada, fingindo perseguir os urubus, ou algum gato ousado.
Manhã cedinho, sol ou chuva, saíam os dois.
Entravam no galinheiro e a algazarra era geral. As galinhas corriam a esconder-se entre as hastes do pequeno canavial, onde escondiam os ninhos. Ele achava. Latia alto e estacava avisando o novo. Adorava ovo quente.
Supervisinova o cortar da lenha e seu organizar na casinha que nem era de cachorro, muito grande, nem de menina, suja, cheia de lenha.
Depois debandavam para a rua. O grande velho de chapéu e bicicleta. A imensa Monark, branca e amarela em que Ela, depois, ainda muito pequena, rodava também a cidade, pedalando retorcida por dentro do arco.
Todos conheciam aquela dupla. Bopy e o Sr. Cruzador, como era chamado.
Um trocadilho com seu nome que rimava com corveta mas que pela força da sua estatura, virou Cruzador.
Ele tirava o chapéu e cumprimentava a todos com um sorriso e um "Alles blau".
Tinham a mesma ginga. O mesmo olhar. Doce e sagaz.
O homem parecia mais forte do que era. Tinha a delicadeza de espigas, do bambu. Bailava ao sabor do vento que lhe esbarrava, para não fazer estrondo.
Aquele dia iam todos à rodoviária.
O cão doce, o Dono gigante, a Dona da casa, pequena "dondolante", com a determinação de pedras. Que os dois amavam e temiam.
Levavam a filha do meio, o marido e as duas meninas à tomarem o ônibus de volta para casa.
A menorzinha ia ao colo do pai. Ela, a pequena, de mãozinha com o avô.
Olhava o cão. Sentia.
Havia uma atmosfera de eternidade.
Uma despedida de cor não explicada.
Não prestava atenção as palavras. Via os elos quebrados. Os olhos abaixados.
Consternação.
Seu coração pulava grande, empurrando o pequeno peito.
Os pézinhos céleres queriam ficar com a agilidade do cão.
Sua liberdade.
Ele andava. Parava. Marcava um poste.
Cheirava um qualquer-coisa na beira da calçada. Inspecionava portões.
Vigiava esquinas.
Na última quadra, antes de dobrarem à direita para chegar no largo da rodoviária, o grande portão parecia fechado. A parte inferior era ferro carcomido, chapa única como saia.
Ela passou a meio da altura da saia enferrujada.
Despercebeu.
Só escutou o trovejar, a mãe e a avó gritarem.
O grande homem chamou.
Deus não intercedeu.
Uma enorme massa escura de pêlos bravios engalfinhava-se com o escudeiro malhado.
O pai com a menorzinha queria puxar a arma.
Primeiro para salvar.
Depois para sacrificar.
O grande homem, sentado ao meio fio segurava o Vira-latas, segredando poções em sua orelha cadente.
O sangue emprestava uma cor de raiva, ao lado da face, à jugular exposta.
A camisa era velha. Uma tira envolveu o pescoço do cão.
Cabisbaixos seguiram a distrair-se com as araras do pátio da rodoviária.
Confundindo o vermelho com os gritos estridentes.
Disfarçavam as dores.
A menina então, já dentro do ônibus, no cantinho apertado entre as pernas da mãe e o braço da poltrona, escondeu o rosto na janela e deixou que o coração e o entendimento escorressem pelas faces e pelo vidro.
Abanava ao trio lá fora.
Dizia adeus ao seu porto.
Lavava o sangue com o sal de seu amor.

Mãe de Cachorro


Ganhei da Ana Paula o selo Mãe de Cachorro.
Eu e outras pessoas, algumas das quais conheço como blog amigo.
Fiquei muito honrada de estar nesta lista, na companhia daquelas pessoas.
Não sou propriamente uma mãe de cachorro. Se fosse, provavelmente me seria tirado o pátrio- poder. Não paro em casa, não tenho horários. Até minha gata Sophia, sabidamente independente, sofria de "mancanza". Era super carente, tadinha. Mas me ensinou, e muito, a me virar.
Um dia, vou ter um cão. E vou poder passar muito tempo em sua companhia.

Brigada Ana, pelo selo e pelas coisas gentis que dizes na entrega.

PS. A mãe da Ana, que também é mãe de cachorro, o Otto, está de parabéns hoje.
Pelo seu aniversário . Muitas felicidades.
Pelos filhos que tem.
Beijão para D. Conceição.