quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Amel de verdade

Atenção!
Atenção!
Estejam todos muito e sempre atentos!
Hoje, nasce uma estrela de quatro pontas.
Com um coração enorme ainda que meio torto, e que doa sempre um pouco, ao bater no seu ritmo único e incrivelmente acelerado.
Com um cérebro um bocado mais emaranhado e enosorocado que da maioria dos mortais,
Que tem mania de estar a conceber manhas e artimanhas bem à portuguesa,
Mas que não nega certa destreza a pensar a humanidade no que ela tem de bom ou ruim,
trágico ou cômico,
real ou virtual,
apenas a depender de um ponto de vista.
Com mãos de uma força incrível, que com a mesma leveza pegam uma criança e a fazem morrer de rir,
ou destroncham um cérebro de coelho a mordê-lo famintas,
após mandar por terra todas as batatas do mundo.
Uma estrela cadente, vivente, pulsante e incandescente.
Que resmunga pela manhã, brilha ao crepúsculo e filosofa na madrugada.
Chora após três doses de whisky com coca-cola,
Adora champagne na Patagônia e tem uma quedinha pelo Brasil - Yes!
Gosta ainda de domar feras e adormecer as belas
melenas e pequenas criaturas que, incautas, se deixam hipnotizar por seu brilho
um tanto quanto psicodélico,
seu canto,
um tanto quanto mefistofélico, luciférico ou angélico.
Toquem e cantem, rumbas, tangos, rocks ou boleros,
lambadas e sambas,
Porque é na bossa-nova que ela vem dançar com seus atinos e desafinos,
e gingar no coração de todos mortais gogoles que a contemplarem!

1996

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