quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

BELIZE

Há uma grande pessoa, de imensa beleza, que conheço há um certo tempo - mas que sempre conheci - e que, não sei porquê, não se conhece.
Tem a imaginação rica, cria coisas maravilhosas.
Tem um sorriso brilhante e pungente e traz nos olhos tristezas do mundo inteiro, que lhe calam fundo e povoam a faixa que existe entre ela e o espelho.
Então, ela não se vê, e para calar a dor, vai se cegando.
Então, ela não se ouve, e para abafar seu grito, está parando de respirar.
Numa espiral vertiginosa sua luz a vai tragando num infinito mergulho de mêdo, de atravessar a barreira e ver, que do outro lado, o espelho tenta lhe mostrar sua beleza.
Tal como os príncipes dos contos de fadas, seu espírito aprisionado retorce a sua face e fustiga seu corpo, clamando por uma brecha para alcançar a expansão e a plenitude.
Ela, noentanto, qual princesa assustada e indefesa, insiste em correr e fugir, tecendo dolorosamente a trama da sua couraça.
Mil vezes abandona seu porto e se lança no oceano bravio, surda ao canto das sereias de sua alma, cega ao seu próprio farol. E deriva, ao sabor de seus fantasmas insaciáveis a devorá-la na solidão de si mesma.
Encontramo-nos num sonho que ao soprar do vento, toma as cores de pesadelo e agita nosso sono eterno.
Olhamo-nos.
E, se não me engano, vi em seus olhos a luz do fim do túnel.
E percebi que era um espelho.
E enquanto vou caindo no abismo de meu ser, no delicioso e assustador mergulho no infinito da minha alma, penso seu nome.
E o som sai doce na tentativa de alcançá-la e fazê-la acordar enfim!

1996

Um comentário:

Anônimo disse...

Demorou um pouquinho, mas cá estou.
Acho que no tempo certo li este texto, lindo como os outros, mas especial.
Vejo nele tantas mulheres, assim como me vejo.
E espero me encontrar.
Seu blog é instigante, é inspiração pura!
Aguardo mais e mais...