Um filho é uma parte arrancada de você andando pelo mundo afora.
Dentro de você é uma promessa, um mistério, um invasor a te tirar de ti mesma.
Pequenino você o olha cheio de orgulho, esperança e medo.
Chora com suas dores, ri com suas bobas coisas e brincadeiras. Ri de seus medos e de suas ousadias.
Te repleta de tudo.
Te inunda de doçura e gozo.
Vai crescendo e toda a montanha russa de sentimentos continua interminável.
A cada sucesso ou fracasso seu você oscila entre o céu e o inferno.
Nunca mais os pés na terra.
Nunca mais a doce e diabólica solidão.
Nunca mais a unidade.
Nunca mais a inteireza.
Você reza, almadiçoa, lamenta, e regozija.
Ele vai abrindo espaços, conquistando horizontes.
Deixando coisas e inseguranças para trás.
Vai se tornando uma pessoa independente.
Sai de casa.
Cai no mundo.
Conhece outros lugares.
E já é uma parte tua que não podes mais incorporar.
E a cada vez que o encontras sentes a dor da separação.
E cada vez que ele parte é tua alma que vai arrancada de ti, alçando novos voos.
E novamente sentes no estômago a contratura do parto.
O arrepio do despreendimento.
E o coração se inunda do sangue em estertoroso refluxo.
Na sístole da dor.
E num sorriso dás-lhe um beijo e dizes: Vai!
Que te amo assim.
Longe e dentro de mim.
13 comentários:
Tão lindo que chorei, Marie!
beijo
Lindo mesmo! E me coloquei no teu lugar e senti um pouco desse vazio-realidade que enfrentastes. Nem sei como vai ser quando os meus criarem asas. Nem sei, mas imagino o chororô!
beijooo
Ai que lindo, Marie...quero isso pra mim também...
beijo!
Não sei se eu conseguiria explicar melhor!
E sofro antecipadamente esse momento... Acho que desde o dia da confirmação da existência deles pelo exame de sangue. Não é à toa que é um exame "de sangue"!
Lindo mesmo!
Karla, é por que estava chorando que escrevi.
Sempre digo a ele que é no momento em que me separo, logo após ter estado um período junto, que mais sinto saudade.
Pois é Fi, cada vez é mesmo, um novo parto.
Aline, é a dor e a delícia da mulher, ou como o título de um livro: É sorrir em parafuso, ser mãe.
Ju, certeza que sabes do que falo e sofres antecipadamente. Mas não. Não o faças. Curte cada momento. A primeira separação não é a mais doída, é só a primeira de muitas. O ciclo da vida é infinito e infindável.
Beijos meninas.
Obrigada pelo seu carinho.
Marie
Marie, é exatamente assim que me sinto com relação a minha filha, mas nunca eu soube dizer. Lindo demais. Bjs. M.
Belo texto! Um exemplo para muitas mães. Que elas o sigam.
bueno, marie.
minha madre não me pariu até hj. as vezes posso sentir o umbilical me puxando no meio da rua.
até.
filhos (filhas, no meu caso) são partes de nós, que por sua vez são também partes de outro alguém que aceitámos em nós. tenho a mais nova no Norte, longe. mas gosto de pensar nisto que o Vergílio Ferreira escreveu:
"A saudade não está na distância das coisas, mas numa súbita fractura de nós, num quebrar de alma em que todas as coisas se afundam".
e que a mim me afunda, não no reencontro, não na despedida, mas de repente, no dia a dia da ausência, a despropósito, exigindo um telefonema, uma mensagem.
Nossa, que lindo! Lindo!
Bjs, Marie!
marie, emocionei.
eh coisa de mãe.
arthur vai completar 3 anos dia 14 de março e sabes que, na ausência dele quando vai ficar com o pai, me pego pensando no dia em que se for por ai de mochila.
rs
linda. beijo. juli
Marie!!
Lindo, lindo, lindo!!
Com tanta gente ao meu redor tendo filhos, e depois desse teu texto maravilhoso, dá uma vontade de ser mãe!!
Voltei de férias, na correria, o blog meio parado, mas sempre dá tempo de passar dar uma olhada por aqui!
Beijos
Depois que li o teu texto olhei para a foto do meu filho. Deu um bom arrepio... Parabéns pelo texto.
Postar um comentário