quarta-feira, 8 de setembro de 2010

RONDA II

Onde andará a alma da alma que me habita?

...

Perdida de si e do mundo vagueia as charnecas do seu ser.
Olha pelas janelas alheias deliciada.
Vê cores e perfumes. Vê vidas possíveis, distantes.
Tão esquecida.
Tão mergulhada na massaroca da sua.
Tão desgostosa de sua tormenta.
Tão sem fé nenhuma em si.
Tão míope.
Nem a metafísica dos chocolates serve de resgate.
O gosto doce-amargo do sangue da saga alheia embriaga mas escorre.
Nutrição fica no meio caminho do digestório.

A sêde secou na fonte.
O sono não apaziguou.

E continua comendo camarões estragados, cereais integrais e castanhas.
E enrolando-se na seda ainda não colhida.
A prisão do casulo nunca mais visitada.
Abandonada.
Eterna lagarta, contorcida e fedorenta.


Imagem da net a partir de uma imagem do blog Não Leia.

5 comentários:

Karla Santos disse...

Família toda, Marie! Ano que vem, estamos aí. Quem sabe não passamos por Curitiba. :)

beijão

Terráqueo disse...

Sensacional a imagem da "eterna lagarta, contorcida e fedorenta".

Carla Maria Forlin disse...

Essa lagarta não é de borboleta, previsível e algo cafona.
É de mariposa, bruxa. Que deixa suas asas abertas quando pousam, sem medo de revelar sua beleza ou sua escuridão.

Carla Maria Forlin disse...

Minha personalidade obsessivo-compulsiva corrige: * pousa.

Anônimo disse...

A alma sempre fica. Escondida, mas fica