Estava sonhando não lembro já o quê. Era um sono agitado, atrapalhado por um estômago cheio. No meio daquela confusão - semi desperta ou adormecida - um terceiro BIP do celular, finalmente me trouxe à superfície do mar agitado em que me debatia.
Depois de alguns segundos necessários para me localizar, dentro de mim ao menos, peguei meus óculos e o celular para receber a mensagem que ele anunciava. Nessa emersão tive tempo de pensar que: era o terceiro BIP; que minha bexiga estava cheia mas não seria atendida; que seria possível que o celular tivesse tocado e eu não tivesse ouvido? Que era uma mensagem e que podia ser da Vivi, minha amiga que estava com o amigo no hospital e com quem eu não tinha falado o dia anterior todo embora tivesse pensado nisso várias vezes; que eu já tinha me esquecido do que estava sonhando...
Abri o celular, teclei o comando de ver a mensagem, esperei o foco se ajustar e li:
"Terminei minha farsa!namoro d
mentira!desculpa por ter
te mentido!cai no conto
da fantasia!preciso d
ajuda p esquece-lo,ele é
perigoso vestido
branco!bj
De:04199888666"
Li até aí e tudo de novo. A. tinha se levantado e ido ao banheiro. Voltou e perguntei as horas. Deve ser lá pelas quatro. Foi o hospital? É paciente? Não sei. Virei pro lado e fui mergulhando no sono de bexiga cheia novamente... eu conhecia aquele número?? Alguma paciente tinha me falado aquelas palavras: namoro de mentira?
No novo sonho - ou era o mesmo? eu estava com amigos e primos em uma espécie de festa numas ruínas, e com minha amiga Lena, pulava uma corda invisível contando de 10 em 10 até cem, sem cair ou errar, não importando como ela balançasse a corda nem que a mesma fosse invisível.
O despertador tocou às 6:30 para ser desligado várias vezes até tocar novamente às 7:30 e me fazer levantar.
De baixo do chuveiro com água e shampoo a me escorrerem pelas ventas, fui esquecendo o sonho, sem sentido, e lembrando a mensagem mais ainda incoerente, anacrônica, inoportuna. Curiosa, fui relê-la. Não tinha assinatura. Foi enviada, ou recebida no meu aparelho às 2:42h. Fiquei tentada a ligar para o número que a tinha enviado.
Obviamente, não era eu a real destinatária. Tentei buscar na minha memória, dentro dos dramas e estórias que escuto no dia-a-dia de meu consultório de ginecologia/obstetrícia/adolescência/psicologia?, alguma que se encaixasse. Alguém que, me pareceu, me tivesse dito em algum momento, aquela pequena cadeia de palavras: "namoro de mentira". Parecia me lembrar. Não consegui encaixar com nenhuma face, nenhuma pessoa. Aquela que me ligou com teste de gravidez positivo, que tem namorado e amante? Aquela mais velha, casada e descontente que arranjou um namorado mais novo e estava até mais feliz?? Mas por que diabos pediria desculpas por ter me mentido? E por quê me mentiria? Eu, meio confessionário, meio ginecologista?? Teria a pessoa, da mensagem, se envolvido com algum médico que eu conhecia, e me pedia ajuda para esquecer o "perigoso vestido branco"?? Sim, pois assim estava escrito: "ele é perigoso vestido branco" embora eu tivesse lido: "perigoso vestido de branco". Não, não fazia sentido!
O número me parecia conhecido. Procurei na lista de chamadas anteriores. Não estava lá. Mas provavelmente é mesmo conhecido. A pessoa, essa mulher, deve ter o meu número em seu elenco de registros e ao tentar enviar a mensagem para a pessoa correta, algum M ou D de seu elenco, sem querer, mandou para mim. Ou teria sido um acaso ainda maior?? Foi digitanto os números, na urgência de sua ansiedade e uma combinação errada, ou uma tecla trocada fez a mensagem se dirigir à mim?
Segurei a vontade de ligar para o número ou responder a mensagem. Fui dando asas a imaginação, deixando os pensamentos seguirem. O primeiro foi: isso dá um conto! Claro, pode dar uma aventura. Paul Auster tem no mínimo um conto em que tudo começa com um telefonema enganado que o herói recebe na madrugada. Me refiro ao primeiro conto da Trilogia de Nova York. Com ele a coisa se repete, havia mais que uma troca de números. Todo um jogo com nomes de autor, narrador e personagem. Uma de suas obra-primas do realismo fantástico. Lembrei ainda de Griffin e Sabine, toda uma estória de amor e suspense em 3 deliciosos volumes, cheios de lindas ilustrações e envelopes com cartas e cartões, num jogo divertido com o leitor, que se não me falha a memória começa com uma correspondência meio estranha e mal explicada.
Fiquei imaginando qual seria a estória desta moça. Teria um namorado não aceito pela família, quem sabe casado, ou pobre, ou rico demais?? e começou o namoro com outro que a cortejava, para agradar os pais. Um moço aceitável, médico de profissão, com quem iniciou o que chama de farsa... Não, não gostei desse enredo. Não faz muito sentido com as frases que ela escreve.
Por quê seria uma farsa?? Por quê teria ela caído no conto da fantasia? A fantasia seria de médico? Médicos já nem sempre vestem branco. Muito mais os dentistas, fisioterapeutas, esteticistas... Por quê precisaria de ajuda para esquecê-lo? Por quê era perigoso vestido branco? Ou o vestido branco seria a fantasia, o conto no qual tinha caído?? Esperava casar-se?? E por quê teria mentido para a suposta pessoa em meu lugar? Seria ela (a pessoa) seu namorado? Seu amante? Ou sua namorada?? Por isso o outro namoro teria sido de mentira. Tinha tentado um relacionamento hetero para ser aceita pela família, mas apaixonou-se pelo médico/fisioterapeuta/esteticista que tinha mãos delicadas, fazia deliciosas massagens e um amor suave, muito mais de preliminares que de consumação. Depois, em algum momento, ela descobriu que ele também era ambivalente em sua sexualidade e buscava o mesmo que ela, a aprovação social num casamento de mentira. O perigoso vestido branco seria usado por ele... Ela confundiu-se, perdeu-se, sentiu-se traída. Voltava então para sua companheira a quem tinha mentido, pedindo desculpas e ajuda para esquecê-lo. Esquecer o engano em que se havia metido. Tão enganada estava, que trocou o número na hora de enviar a mensagem... que veio parar comigo.
Nestas suposições e outras, passei ontem o dia inteiro. Ainda me segurando para não discar o número ou responder a mensagem. Envolvendo-me de corpo, mas não de alma, com minhas tarefas diárias, minhas outras pacientes, meu horário na fisioterapeuta/acupunturista - ô palavra terrível!
Fui dormir tarde, depois de sair com uns amigos que falavam e falavam, de outras coisas, que não conseguiam afastar minha mente da inquisição do mistério.
Outra noite de sonhos agitados e não lembrados. Minha mente continuava cativa da mensagem...
Desta vez escutei chegar. Estava como que antecipando. Ainda assim, não emergi no mesmo instante. Fiquei semi-vigilante até o primeiro BIP. Coloquei então os óculos e lá estava:
Obrigada pelas oraÇoes
e o insentivo hj nasceu
uma luz q jamais se
apagara!quase surtei,+
venci.d coraÇao
obrigada!te devo
essa!beijos meus queridos
e ate
De:04199888666
4:38 20/02/08
Tive que levantar, ir ao banheiro, tomar um pouco de água. Tudo estava grafado exatamente assim e fazia menos sentido ainda. Então, de alguma forma a mensagem tinha chegado a algum destinatário correto. O pedido de ajuda foi atendido com orações. Ela teve um quase surto rápido e por milagre e obra da caridade divina acionada pelas preces dos amigos, viu nascer uma luz que jamais se apagará. Foi salva!
Agora eu é que estou presa. Refem total da curiosidade, que me faz pensar várias vezes ao dia em tentar estabelecer um contato mais imediato, para dar alguma concretude a esta quimera que me assombra a madrugada. E ao mesmo tempo, presa de uma outra sensação que é aquela de ficar aguardando, na espera do próximo acontecimento. Viciada no gostinho do mistério absurdo. Não do que vai acontecer com ela, agora iluminada, mas com nosso contato fortuito.
Meu lado persecutório ainda fica buscando algum indício de que sou eu a destinatária justa. Só não lembro quando e não sei porque.
Quem, entre tantos meus conhecidos, poderia estar apenas se divertindo comigo? Cheguei a desconfiar de minha amiga cronista, que nas madrugadas fica, sengundo ela própria, perigosamente diferente em sua inspiração e diz e escreve coisas que normalmente não faria.
Mas esse não é seu número. Nem de telefone, nem, até onde sei, de espetáculo. Ela faz fantasia da realidade. Ou melhor, ela conta a realidade tão bem contada, que a torna em sonho. Seus mistérios, são coloridas estória dela mesma e de seu dia-a-dia, ou pontos e pedacinhos de tecidos magicamente combinados. Acho... não, tenho certeza, que tem muito mais que escrever, que mensagens desconexas a enviar aleatoriamente e ver no que dá.
O louco, ou engraçado, é como uma coisa destas pode fazer a gente reagir de tantas formas diferentes.É incrível pensar todo o intrincado caminho que segue a comunicação humana. A diferença de sentido que há ou pode haver entre a mensagem enunciada e aquela recebida.
Isto tudo aconteceu nas madrugadas de segunda para terça-feira, e de terça para quarta. De quarta para quinta, nada aconteceu. Quinta à noite, eu ainda me debatia entre a vontade de ligar para o número, que me parecia sempre, intrigantemente conhecido, e a outra, de deixar o mistério no ar, viajando nas suposições e estórias criadas pela minha imaginação.
Acabei cedendo ao meu lado mais humano e feminino, ou simplesmente curioso, e ligando para a pessoa que tinha enviado as duas mensagens. Que passou a ter voz, nome, face e razões para ter feito aquilo.
Parte de minhas suposições estavam certas. O número era mesmo conhecido. A pessoa tinha mesmo meu número na sua lista e também era a mesma que tinha me falado no consultório, sobre o "namoro de mentira".
Sua história pessoal, não tem nenhuma proximidade com as suposições que levantei, mas nem por isso, seu porvir torna-se menos intrigante.
Agora tem mais cor, saber e dor.
Depois de alguns segundos necessários para me localizar, dentro de mim ao menos, peguei meus óculos e o celular para receber a mensagem que ele anunciava. Nessa emersão tive tempo de pensar que: era o terceiro BIP; que minha bexiga estava cheia mas não seria atendida; que seria possível que o celular tivesse tocado e eu não tivesse ouvido? Que era uma mensagem e que podia ser da Vivi, minha amiga que estava com o amigo no hospital e com quem eu não tinha falado o dia anterior todo embora tivesse pensado nisso várias vezes; que eu já tinha me esquecido do que estava sonhando...
Abri o celular, teclei o comando de ver a mensagem, esperei o foco se ajustar e li:
"Terminei minha farsa!namoro d
mentira!desculpa por ter
te mentido!cai no conto
da fantasia!preciso d
ajuda p esquece-lo,ele é
perigoso vestido
branco!bj
De:04199888666"
Li até aí e tudo de novo. A. tinha se levantado e ido ao banheiro. Voltou e perguntei as horas. Deve ser lá pelas quatro. Foi o hospital? É paciente? Não sei. Virei pro lado e fui mergulhando no sono de bexiga cheia novamente... eu conhecia aquele número?? Alguma paciente tinha me falado aquelas palavras: namoro de mentira?
No novo sonho - ou era o mesmo? eu estava com amigos e primos em uma espécie de festa numas ruínas, e com minha amiga Lena, pulava uma corda invisível contando de 10 em 10 até cem, sem cair ou errar, não importando como ela balançasse a corda nem que a mesma fosse invisível.
O despertador tocou às 6:30 para ser desligado várias vezes até tocar novamente às 7:30 e me fazer levantar.
De baixo do chuveiro com água e shampoo a me escorrerem pelas ventas, fui esquecendo o sonho, sem sentido, e lembrando a mensagem mais ainda incoerente, anacrônica, inoportuna. Curiosa, fui relê-la. Não tinha assinatura. Foi enviada, ou recebida no meu aparelho às 2:42h. Fiquei tentada a ligar para o número que a tinha enviado.
Obviamente, não era eu a real destinatária. Tentei buscar na minha memória, dentro dos dramas e estórias que escuto no dia-a-dia de meu consultório de ginecologia/obstetrícia/adolescência/psicologia?, alguma que se encaixasse. Alguém que, me pareceu, me tivesse dito em algum momento, aquela pequena cadeia de palavras: "namoro de mentira". Parecia me lembrar. Não consegui encaixar com nenhuma face, nenhuma pessoa. Aquela que me ligou com teste de gravidez positivo, que tem namorado e amante? Aquela mais velha, casada e descontente que arranjou um namorado mais novo e estava até mais feliz?? Mas por que diabos pediria desculpas por ter me mentido? E por quê me mentiria? Eu, meio confessionário, meio ginecologista?? Teria a pessoa, da mensagem, se envolvido com algum médico que eu conhecia, e me pedia ajuda para esquecer o "perigoso vestido branco"?? Sim, pois assim estava escrito: "ele é perigoso vestido branco" embora eu tivesse lido: "perigoso vestido de branco". Não, não fazia sentido!
O número me parecia conhecido. Procurei na lista de chamadas anteriores. Não estava lá. Mas provavelmente é mesmo conhecido. A pessoa, essa mulher, deve ter o meu número em seu elenco de registros e ao tentar enviar a mensagem para a pessoa correta, algum M ou D de seu elenco, sem querer, mandou para mim. Ou teria sido um acaso ainda maior?? Foi digitanto os números, na urgência de sua ansiedade e uma combinação errada, ou uma tecla trocada fez a mensagem se dirigir à mim?
Segurei a vontade de ligar para o número ou responder a mensagem. Fui dando asas a imaginação, deixando os pensamentos seguirem. O primeiro foi: isso dá um conto! Claro, pode dar uma aventura. Paul Auster tem no mínimo um conto em que tudo começa com um telefonema enganado que o herói recebe na madrugada. Me refiro ao primeiro conto da Trilogia de Nova York. Com ele a coisa se repete, havia mais que uma troca de números. Todo um jogo com nomes de autor, narrador e personagem. Uma de suas obra-primas do realismo fantástico. Lembrei ainda de Griffin e Sabine, toda uma estória de amor e suspense em 3 deliciosos volumes, cheios de lindas ilustrações e envelopes com cartas e cartões, num jogo divertido com o leitor, que se não me falha a memória começa com uma correspondência meio estranha e mal explicada.
Fiquei imaginando qual seria a estória desta moça. Teria um namorado não aceito pela família, quem sabe casado, ou pobre, ou rico demais?? e começou o namoro com outro que a cortejava, para agradar os pais. Um moço aceitável, médico de profissão, com quem iniciou o que chama de farsa... Não, não gostei desse enredo. Não faz muito sentido com as frases que ela escreve.
Por quê seria uma farsa?? Por quê teria ela caído no conto da fantasia? A fantasia seria de médico? Médicos já nem sempre vestem branco. Muito mais os dentistas, fisioterapeutas, esteticistas... Por quê precisaria de ajuda para esquecê-lo? Por quê era perigoso vestido branco? Ou o vestido branco seria a fantasia, o conto no qual tinha caído?? Esperava casar-se?? E por quê teria mentido para a suposta pessoa em meu lugar? Seria ela (a pessoa) seu namorado? Seu amante? Ou sua namorada?? Por isso o outro namoro teria sido de mentira. Tinha tentado um relacionamento hetero para ser aceita pela família, mas apaixonou-se pelo médico/fisioterapeuta/esteticista que tinha mãos delicadas, fazia deliciosas massagens e um amor suave, muito mais de preliminares que de consumação. Depois, em algum momento, ela descobriu que ele também era ambivalente em sua sexualidade e buscava o mesmo que ela, a aprovação social num casamento de mentira. O perigoso vestido branco seria usado por ele... Ela confundiu-se, perdeu-se, sentiu-se traída. Voltava então para sua companheira a quem tinha mentido, pedindo desculpas e ajuda para esquecê-lo. Esquecer o engano em que se havia metido. Tão enganada estava, que trocou o número na hora de enviar a mensagem... que veio parar comigo.
Nestas suposições e outras, passei ontem o dia inteiro. Ainda me segurando para não discar o número ou responder a mensagem. Envolvendo-me de corpo, mas não de alma, com minhas tarefas diárias, minhas outras pacientes, meu horário na fisioterapeuta/acupunturista - ô palavra terrível!
Fui dormir tarde, depois de sair com uns amigos que falavam e falavam, de outras coisas, que não conseguiam afastar minha mente da inquisição do mistério.
Outra noite de sonhos agitados e não lembrados. Minha mente continuava cativa da mensagem...
Desta vez escutei chegar. Estava como que antecipando. Ainda assim, não emergi no mesmo instante. Fiquei semi-vigilante até o primeiro BIP. Coloquei então os óculos e lá estava:
Obrigada pelas oraÇoes
e o insentivo hj nasceu
uma luz q jamais se
apagara!quase surtei,+
venci.d coraÇao
obrigada!te devo
essa!beijos meus queridos
e ate
De:04199888666
4:38 20/02/08
Tive que levantar, ir ao banheiro, tomar um pouco de água. Tudo estava grafado exatamente assim e fazia menos sentido ainda. Então, de alguma forma a mensagem tinha chegado a algum destinatário correto. O pedido de ajuda foi atendido com orações. Ela teve um quase surto rápido e por milagre e obra da caridade divina acionada pelas preces dos amigos, viu nascer uma luz que jamais se apagará. Foi salva!
Agora eu é que estou presa. Refem total da curiosidade, que me faz pensar várias vezes ao dia em tentar estabelecer um contato mais imediato, para dar alguma concretude a esta quimera que me assombra a madrugada. E ao mesmo tempo, presa de uma outra sensação que é aquela de ficar aguardando, na espera do próximo acontecimento. Viciada no gostinho do mistério absurdo. Não do que vai acontecer com ela, agora iluminada, mas com nosso contato fortuito.
Meu lado persecutório ainda fica buscando algum indício de que sou eu a destinatária justa. Só não lembro quando e não sei porque.
Quem, entre tantos meus conhecidos, poderia estar apenas se divertindo comigo? Cheguei a desconfiar de minha amiga cronista, que nas madrugadas fica, sengundo ela própria, perigosamente diferente em sua inspiração e diz e escreve coisas que normalmente não faria.
Mas esse não é seu número. Nem de telefone, nem, até onde sei, de espetáculo. Ela faz fantasia da realidade. Ou melhor, ela conta a realidade tão bem contada, que a torna em sonho. Seus mistérios, são coloridas estória dela mesma e de seu dia-a-dia, ou pontos e pedacinhos de tecidos magicamente combinados. Acho... não, tenho certeza, que tem muito mais que escrever, que mensagens desconexas a enviar aleatoriamente e ver no que dá.
O louco, ou engraçado, é como uma coisa destas pode fazer a gente reagir de tantas formas diferentes.É incrível pensar todo o intrincado caminho que segue a comunicação humana. A diferença de sentido que há ou pode haver entre a mensagem enunciada e aquela recebida.
Isto tudo aconteceu nas madrugadas de segunda para terça-feira, e de terça para quarta. De quarta para quinta, nada aconteceu. Quinta à noite, eu ainda me debatia entre a vontade de ligar para o número, que me parecia sempre, intrigantemente conhecido, e a outra, de deixar o mistério no ar, viajando nas suposições e estórias criadas pela minha imaginação.
Acabei cedendo ao meu lado mais humano e feminino, ou simplesmente curioso, e ligando para a pessoa que tinha enviado as duas mensagens. Que passou a ter voz, nome, face e razões para ter feito aquilo.
Parte de minhas suposições estavam certas. O número era mesmo conhecido. A pessoa tinha mesmo meu número na sua lista e também era a mesma que tinha me falado no consultório, sobre o "namoro de mentira".
Sua história pessoal, não tem nenhuma proximidade com as suposições que levantei, mas nem por isso, seu porvir torna-se menos intrigante.
Agora tem mais cor, saber e dor.
Um comentário:
Então a história continuou? Que acontecimento! E eu que fiquei pensando em alguma coisa pra escrever sobre isso. Quem sabe um dia ainda escreva. Minhas histórias são assim, gestadas por loooongo tempo! E vc está certíssima: não mandaria um SMS no meio da madrugada só pra criar um clima de suspense :-))) Mas, de qualquer forma, fiquei contente em fazer parte dos seus pensamentos!
Ótimo texto! As suposições são excelentes! E eu que achei que cobria todas as possibilidades... E não é que a realidade é sempre mais supreendente e criativa que nós?!
Beijos
Postar um comentário