Hoje o poeta já não há. Partiu. Restaram sua estatua tomando o inexorável sol de Copacabana, e seus lindos poemas. Pedras eternas e preciosas no caminho dos que teem retinas e labirintos treinados na dor e no amor.
Hoje a menina encontrou a pedra fundamental encrustrada em seu coração.
Uma pedra de leite manifestando um verbo de medo, uma sentença a ser estudada, dissecada.
A indizível dor do ser.
A impossível e insustentável alegoria da vida. A mãe ameaçada.
A impotência cobrando pedagio. A vida cobrando seu dízimo.
Hoje, nós sua irmãs, e eu, confessa deficiente na arte do amor, da manifestação do aconchego, do colo, aprendiz da vida, da arte, do amor do ser, estamos engasgadas. Sem meios ou maneiras de dizer, de ajudar, de concorrer e ganhar dessa dor de absurdo.
Queria ser mais. Queria ter mais. Queria crer e poder mais.
Minha raiva e dor não são, no entanto suficientes para desviar a flexa já lançada. Desviar a dor causada.
Meu saber não me capacita, antes me aleija na arte do consolo.
Apesar disso, me disponho, com meu jeito tacanho e pequeno.
Usa- me como apoio, como amparo, como alvo, como quiseres.
Para o que precisares.
Para rir ou chorar, ou xingar ou blasfemar. Qualquer coisa.
Que não somos imortais e nenhum saber temos da ordem das coisas.
Mas somos irmãs, nessa e em outras dores. Porque queremos ser.