Não ando em mim.
Melhor, dizer a verdade: ando.
Apertada, encolhida em alguma parte que não sei onde.
Perambulo, em algum exílio dentro deste corpo que se amotinou.
Não fui correr.
Não consigo me disciplinar.
Meu atraso crônico agora me alcança.
Não consigo chegar em mim.
Não consigo sair de mim.
Ando pendurada pelo trapézio direito.
Sonho, e pela manhã, o travesserio não solta o gancho de meu ombro.
Meu pescoço pesa uma tonelada e abigorna minha cabeça.
Sou uma miríade de pedaços doloridos e desencontrados.
Roubo prazer e desperdiço nos desencontros de minha carne.
Os sentidos esbarram nos músculos contraídos.
As sensações se perdem no labirinto "circunvoluntário" do cérebro.
A noz do universo particular quebrada e sêca.
A nova ortografia em pergaminho perdida na pessoa desencontrada.
O rio corre sozinho.
Meu banho atrasa como a vida.
Não me encontro.
Nem meu hoje.
Nem paro.
Nem desespero.
"Hormônimo"!